A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Coleção.

De ti, guardo apenas algumas fotografias, tua caneca favorita, o cheiro nas cobertas, a saudade desenfreada e o ciúme costumeiro.
Que péssimo costume o meu. Péssimo de fato, pois cada vez que vejo-te com outro rapaz, meus olhos enchem d'água. E cada vez que penso que esses tais rapazes recebem os teus beijos meus, as lágrimas tomam outra conotação.
Como tudo mudou tão rápido? Como tudo ainda muda tão rápido em sua vida? Por que tens de ser tão volúvel?
Às vezes penso que o errado sou eu, compreende? Penso que não tenho capacidade de acompanhar mudanças bruscas e que não sou adepto a elas, quando o natural seria ser como você. Mas de tanto ouvir dos meus amigos que você é maluca, tomei isso como verdade e tento absolver-me da culpa.
Renata, és completamente louca! Como podes ser assim, meu bem? Aliás, como podes ser assim e manter a face inocente e os olhos pretos brilhantes que transparecem tanta doçura e verdade?
E como podes ser tão verdadeira? Isso é o que eu menos entendo e o que mais me revolta! Como consegues tantos amores e amantes contando a eles todas as verdades que lhe pedem e até as que não lhe pedem?
Ah, Renata, eu queria era não saber das tuas verdades. Já chorei por algumas diversas vezes e sei que hei de chorar por outras. E pelas mesmas.

Meu bem, admiro o seu dom de mudar o tempo todo. Uma hora sente e na outra já está insensível e intocável. Numa hora chora e segundos depois ri tanto que chega a chorar novamente. E em momento algum, em seu rosto moreno e macio,  se pode ver arrependimento pela mudança.
É... Você não muda nunca!

Ah, Renata, por que você não muda? Por quê?!

Por vezes pensei sentir um ódio infindo de ti. Ledo engano.
Era ódio, sim. Certamente. Ódio dos grandes! Mas era ódio de mim, por não conseguir ver-te por um segundo sequer com os olhos que gostaria. Vejo-te com os habituais olhos apaixonados que sorriem de tristeza pedindo por conforto.
E dói. Dói muito.

Mas por que falo-te isso? Já sabes há muito tempo... Sabes, aliás, que não sou o único.
Sabe, Renata, você não muda porque nunca precisou mudar. Por que precisarias? Podes ter o amor que quiseres, sempre que quiseres, pois aprendeu a cativar e cultivar as pessoas, e ao mesmo tempo que maltrata os corações que a ti pertencem, sabes como acalmá-los com tuas palavras que obviamente mudarão em pouco tempo, mas que por agora soam e são tão sinceras.

E se não convencer?
Aí é só passar aquele batom vermelho, soltar os negros cabelos pesados e sorrir.

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